Com a renomada atriz Claire Foy no papel de Lisbeth Salander, o quarto livro da série Millennium ganha um longa repleto de ação, no entanto, sem roteiro
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Estrelado pela renomada Claire Foy (The Crown), Millennium: A Garota na Teia de Aranha é o quarto livro da série de sucesso escrito pelo austríaco Stieg Larsson. Essa é a terceira vez a série é adaptada para o cinema; A primeira foi em 2009, com Os Homens que não Amavam as Mulheres, e a segunda foi em 2011, chamado A Garota com Tatuagem de Dragão, que contou com Rooney Mara e Daniel Craig no elenco e fez grande sucesso, aparecendo entre os indicados do Oscar.
A terceira adaptação conta a história de Lisbeth Salander, conhecida como anti-heroína, que atacava homens que agrediram mulheres. No entanto, Lisbeth é contratada para recuperar um programa de computador chamado Firefall, que dá acesso a um imenso arsenal bélico. O programa foi criado para o governo dos Estados Unidos, que agora desejam recuperá-lo. Lisbeth aceita a tarefa, entretanto ela se depara com um grupo chamado “Aranhas”, que também possuem interesse no software.
O roteiro é escrito por Steven Knight e dirigido por Fede Alvarez, responsável pela razoável O Homem das Trevas (2016). Em Millennium, Knight e Alvarez trazem o quarto livro da série. Aqui, Lisbeth já é reconhecida como uma “justiceira”, entretanto, o foco dessa vez ficou por conta da infância da personagem e como isso afetou seus relacionamentos na vida atual. Como de praxe, ela continua sendo uma hacker de alto nível, capaz de conseguir o que quiser sem muito esforço.
Entretanto, o roteiro é o que enfraquece o filme. Sem profundidade na história e nos personagens, tudo se torna auto explicativo. Lisbeth é tão boa com tecnologia que mesmo nas horas de desespero, é possível saber que tudo se resolve. Assim como as relações que ela mantém durante o filme, o roteiro tenta explicar e trazer informações anteriores, mas são feitas de um jeito “preguiçoso” e extremamente raso. Porém, não posso dizer o mesmo das sequências de ação, perseguições, explosões e lutas corporais, que se apresentam no meio de tudo isso. Aliás, elas são um grande atrativo da obra e estão muito bem feitas, assim como a fotografia que exalta o frio sueco e suas paisagens. O elenco conta com Claire Foy, que mesmo em um papel de uma personagem forte e introspectiva, não conseguiu brilhar. O mesmo aconteceu com os outros personagens. O jornalista que expôs a vida de Lisbeth nos jornais, Mikael Blomkvist (Sverrir Gudnason), se apresenta como a redenção da justiceira e dá a entender que eles tiverem um relacionamento mais próximo devido às matérias publicadas por Mikael, mas o personagem é escasso, e mesmo quando ajuda, é pouco, para o trama. No papel de Ed Needham, Keith Stanfield tenta dar outro vigor para história, atuando como um paralelo entre a inteligência norte-americana e sueca. Sendo um bom hacker e um excelente atirador, tem destaque somente no ato final. Já na organização dos “Aranhas”, temos vilões fazendo seu trabalho e uma boa atuação, mesmo que pequena, de Sylvia Hoeks interpretando Camilla, irmã de Lisbeth e líder da organização. O roteiro tenta ainda trazer o lado humano da personagem colocando-a para salvar um menino, mas nada mágico acontece, a não ser a super inteligência do garoto pautada através do pai, que também é apresentado como tal. Ousado começar a nova franquia a partir do quarto livro da série. O longa poderia tranquilamente começar com a primeira adaptação, visto que os filmes anteriores não deram sequência a saga. Não digo que é um filme desnecessário, ao contrário, ao abordar casos como agressões a mulheres e mostrar como isso ocorre de maneira crua, sem cortes, reforça ainda mais a não submissão a isso. No entanto, Millennium: A Garota na Teia de Aranha, passa longe de ter tido uma boa produção e peca na parte fundamental, a trama.